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A Comissão Especial da Transição Energética e Produção do Hidrogênio Verde aprovou nesta terça (13/6) seu plano de trabalho para 2023, com previsão de publicar um relatório com contribuições para um marco regulatório em novembro.
Instalada na Câmara dos Deputados no final de maio, a comissão é presidida pelo deputado Arnaldo Jardim (Cidadania/SP). Já o relatório será elaborado pelo deputado Bacelar (PV/BA), de quem partiu o pedido de criação do colegiado
Estão previstas 12 audiências públicas e seis reuniões deliberativas, além de quatro mesas redondas externas: a primeira em São Paulo, a segunda na Bahia, a terceira na região Sul e a última ainda a definir. Veja o plano aprovado (.pdf)
Um dos princípios do trabalho será o “aproveitamento da energia do hidrogênio contida nos biocombustíveis (etanol e biogás, por exemplo)”.
Enquanto o mercado europeu se volta para a tecnologia da eletrólise com energia renovável (H2 verde), o agro brasileiro corre para garantir também o seu espaço nessa nova economia que será criada com o hidrogênio de baixo carbono.
Etanol e biogás enxergam oportunidades para desenvolver uma cadeia no interior do país e abastecer a indústria com o insumo de baixo carbono, uma vez que os projetos de hidrogênio verde estão concentrados nos portos e visam a Europa como destino.
A ambição vai além da indústria. Os produtores de etanol querem difundir a alternativa também no transporte pesado e nos veículos leves, com a célula a combustível hidrogênio competindo com a eletrificação via baterias.
O que conversa muito bem com outros princípios listados pela comissão, que pretende estudar a inserção do hidrogênio como alternativa competitiva para descarbonizar a indústria; o potencial de uso em veículos pesados e leves; e sua aplicação na produção de hidrocarbonetos renováveis como diesel verde e combustível sustentável de aviação.
Potencial
Estudo da McKinsey aponta o Brasil com potencial de se tornar um dos maiores produtores mundiais de hidrogênio verde (H2V), graças ao baixo custo dos recursos naturais disponíveis e à rede de energia limpa e integrada, que exigem menor investimento em bens de capital (capex).
Isso cria um mercado adicional potencial de H2V de até US$ 5 a 20 bilhões em 2030 e 2040, respectivamente, calcula a consultoria.
Atualmente, os projetos anunciados já somam US$ 30 bilhões e a previsão é que esse número tenha um incremento significativo em 2023, conforme países europeus começam a lançar suas primeiras concorrências internacionais para aquisição de derivados.
Discussão regulatória
Além da Câmara, a definição de um marco legal para o hidrogênio está na agenda do Senado e do governo federal.
O Senado criou, em março, a Comissão Especial para Debate de Políticas Públicas sobre Hidrogênio Verde (CEHV), presidida pelo senador Cid Gomes (PDT/CE), com o senador Otto Alencar (PSD/BA) como relator.
O colegiado já fez algumas reuniões. Uma delas com representantes do Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, que pediram celeridade na regulação e na definição de metas objetivas no Programa Nacional do Hidrogênio, criado ainda no governo de Jair Bolsonaro (PL).
Um receio – entre os estados e o setor privado – é que o país perca a janela de oportunidades na atração de investimentos para o setor.
Apetite europeu
Em encontro com o Lula (PT), no Palácio do Planalto, nesta segunda (12/6), a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que a União Europeia vai investir € 2 bilhões (cerca de R$ 10,4 bilhões) na produção de hidrogênio verde no Brasil.
A iniciativa faz parte de um dos projetos do Global Gateway, para financiar projetos de infraestrutura em países emergentes. O bloco está em uma jornada para descarbonizar sua economia, enquanto assegura o fornecimento de energia e se livra da dependência do gás russo.
No ano passado, lançou a política RePowerEu, com foco em segurança e transição energética, cuja meta é consumir 20 milhões de toneladas de hidrogênio renovável em 2030 – metade desse volume importado.
Curtas
Expansão renovável
A matriz elétrica brasileira fechou o mês de maio com expansão de 4,61 GW, sendo 87,6% da capacidade instalada de usinas eólicas e solares. De acordo com a Aneel, até 31 de maio 144 usinas entraram em operação comercial: 62 eólicas (2.006,9 MW) e 55 solares fotovoltaicas (2.033,2 MW). Os outros 570 MW vieram de termelétricas, PCHs e CGHs.
Eólica para descarbonizar
O Cade aprovou o contrato da White Martins com a Omega Energia para participação conjunta no Parque Eólico Chuí, no Rio Grande do Sul, que prevê o fornecimento de 876.000 MWh/ano de energia renovável para a multinacional de gases industriais. A meta da Linde, controladora da White Martins, é reduzir as emissões absolutas de gases de efeito estufa de escopos 1 e 2 em 35% até 2035, em relação a 2021.
Eficiência energética
O programa PotencializEE lançou um Guia Técnico de Gestão de Energia para ajudar pequenas e médias empresas a reduzir custos e emissões de gases de efeito estufa com o consumo energético. Com foco em PMEs industriais do estado de São Paulo, o programa projeta uma economia de 7.267 GWh no consumo de energia até 2024, o equivalente ao consumo anual de todo o Distrito Federal.
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MACHADO, Nayara. Agenda do hidrogênio verde na Câmara inclui etanol e biogás. EPBR, 13 de junho de 2023. Disponível em: Agenda do hidrogênio verde na Câmara inclui etanol e biogás (epbr.com.br). Acesso em: 14 de junho de 2023.