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As práticas ESG (ambiental, social e governança) estão se estabelecendo cada vez mais como tendência para negócios desta década. A sigla estabelece diretrizes e normas para que as empresas se adequem às demandas que devem ser cumpridas, não apenas pelos lucros da empresa, mas também por sua função social. Com o acontecimento da COP 27, uma cúpula internacional sobre as mudanças climáticas, a discussão sobre a urgência de implementação foi retomada.
A agenda ESG foi baseada nos objetivos estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) para um mundo sustentável. Assim, se torna uma tendência mundial que os produtos passem a ter esse viés. Para se ter uma ideia, segundo a pesquisa Millenium Survey, 42% da geração Z prefere empresas com práticas ESG e 38% deixaria de comprar produtos de marcas que tenham má influência no meio ambiente. Esse resultado, de certa forma, acaba incentivando as empresas a aplicarem o ESG.
Por isso, cada vez mais as empresas estão investindo em práticas ESG, com o objetivo de manterem a responsabilidade das companhias e reterem a competitividade no mercado. Esse foi um tópico importante da última COP (Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas), como explica Dani Verdugo, CEO do Grupo THE, grupo de empresas que tem como uma de suas atividades implementar o ESG em outras organizações. “O grande motivador da COP, incluindo a última edição, no Egito, são os grandes impactos que a atividade humana e as indústrias causaram e ainda causam no meio ambiente. O evento é uma reunião de líderes globais, que compreenderam que é impossível frear os danos ao ambiente com a ausência de ações internacionais conjuntas”, explica.
Abaixo, a especialista revela os maiores desafios para a agenda ESG no próximo ano; confira:
1. Meio ambiente
“A expectativa para o futuro da área é que as discussões sobre as questões ambientais apenas se intensifiquem, inclusive com a participação de governos. Recentemente, por exemplo, aconteceu a COP 27, onde diversos líderes de estado discutiram o papel das empresas na preservação do meio ambiente. O “E”, primeira letra da sigla, está ligada às práticas voltadas ao meio ambiente, como o debate sobre aquecimento global, diminuição da emissão de carbono, poluição, entre outros”, diz Dani Verdugo.
2. Pessoas
“A diversidade também será uma temática comum nas próximas décadas, com os jovens indo ativamente atrás de empresas que tenham como lema a inclusão. O “S” refere-se ao pilar Social da agenda. Que diz respeito às pessoas – sejam elas colaboradores, clientes, e a sociedade em geral. O questionamento sobre representatividade começou a ser levado para dentro das empresas. Foi então que as discussões sobre diversidade, equidade e inclusão começaram a ganhar força”, revela.
3. Ética
“Com os diversos casos de corrupção corporativa globalmente, as empresas devem nos próximos anos recuperar a confiança perdida. O último pilar da sigla da agenda, o “G”, diz respeito à governança corporativa, sistema pelo qual as empresas são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho, diretoria e todos os stakeholders. Arrisco dizer que a governança é um dos caminhos mais longos a serem percorridos aqui no Brasil pelas empresas, já que não basta apenas dizer, mas também criar ações concretas e comunicar à sociedade de forma transparente como sua organização está se posicionando frente ao tema”, explica Dani Verdugo.
4. COP 27
“Mais do que uma decisão de negócios, o encontro do COP 27 mostrou que a implementação da agenda ESG é imperativa para a continuidade da humanidade, que pede por meios de trabalho mais sustentáveis. A agenda impacta diretamente na forma em que as empresas trabalham e também são vistas pelos clientes e consumidores. O fato é que todos os princípios da agenda são de impacto e independem de porte e setor”, diz.
No entanto, a conferência também determinou que as medidas pró-ambiente devem vir não somente dos países, mas as empresas também têm o papel essencial para a longevidade humana, uma vez que são elas as que mais poluem. “É aí que entra em jogo o ESG, onde um entre seus três pilares aborda o Meio Ambiente, a agenda para sustentabilidade, estabelece que as práticas sustentáveis devem ser aplicadas logo as empresas, evitar desmatamentos, emissão de carbono, poluição de águas e respeito a fauna e a flora originária são alguns dos pilares do desenvolvimento sustentável para empresas”, lembra.
5. Sustentabilidade
“A COP 27 definiu que 2023 vai ser o ano definitivo da agenda, é agora que as empresas vão começar a ser cobradas pelas práticas. Por conta da aderência a implementação da agenda, negócios que seguem boas práticas ambientais, sociais e de governança são mais estáveis, podem trazer mais lucratividade no longo prazo e, consequentemente, mais valiosos. As pessoas estão no centro da agenda ESG e são o principal ativo das organizações em busca das melhores práticas”, comenta.
Um dos tópicos mais importantes para as empresas no COP 27 foi a questão da cooperação. “Para um futuro verde, as companhias devem trabalhar em conjunto, dividindo tecnologias e inovações que auxiliem a ecosfera, priorizando o meio ambiente mediante a lucros. A transparência também é definida como chave, as empresas precisam produzir relatórios, não somente de seus gastos, mas também de seus impactos ambientais, permitindo uma avaliação geral e clara de suas performances ambientais”, finaliza Dani Verdugo.
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Agenda ESG tem desafios em 2023, diz especialista. Diário do Comércio, 13 de dezembro de 2022. Disponível em: <Agenda ESG tem desafios em 2023, diz especialista (diariodocomercio.com.br)>. Acesso em: 06 de janeiro de 2023.