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O interesse de busca pelo termo ESG no Brasil praticamente triplicou nos últimos 12 meses até fevereiro de 2022. As buscas pelo tema cresceram 150% na comparação aos 12 meses anteriores, de acordo com levantamento do Google Trends feito a pedido do Valor. O Brasil foi o país latino-americano que mais pesquisou pela sigla ESG nos últimos 12 meses e um dos 25 países no mundo que mais buscou pela temática no período.
Em 2021, o interesse em ESG bateu recorde no país; ou seja, nunca os brasileiros buscaram tanto pelo assunto quanto no ano passado! Mas será que todos sabem o que é, de fato, ESG, sua origem e importância, especialmente para empresas? Este artigo se propõe a explicar essas questões.
O que significa ESG?
Primeiramente, vale entender o que significa cada letra do acrônimo “ESG”. A sigla vem do inglês Environmental (Ambiental, E), Social (Social, S) e Governance (Governança, G). No Brasil, também nos referimos a ela como ASG. Conheça em detalhes:
Environmental ou Ambiental: refere-se às práticas da empresa ou entidade voltadas ao meio ambiente. Entram aqui temas como aquecimento global; emissão de gases poluentes, como o carbono e metano; poluição do ar e da água; desmatamento; gestão de resíduos; eficiência energética; biodiversidade; entre outros.
Social: relaciona-se à responsabilidade social e ao impacto das empresas e entidades em prol da comunidade e sociedade. Majoritariamente se refere a temas como respeito aos direitos humanos e às leis trabalhistas; segurança no trabalho; salário justo; diversidade de gênero, raça, etnia, credo etc.; proteção de dados e privacidade; satisfação dos clientes; investimento social; e relacionamento com a comunidade local.
Governance ou Governança: está ligado às políticas, processos, estratégias e orientações de administração das empresas e entidades. Entram no tema, por exemplo, conduta corporativa; composição do conselho e sua independência; práticas anticorrupção; existência de canais de denúncias sobre casos de discriminação, assédio e corrupção; auditorias internas e externas; respeito a direitos de consumidores, fornecedores e investidores; transparência de dados; remuneração dos executivos; entre outros. Está intimamente ligado aos dois outros termos (Social e Ambiental), por ser quem dita, orienta, fiscaliza e reporta as práticas sustentáveis (ou não).
Como surgiu o termo ESG
O termo foi cunhado em 2004 em um relatório feito pelo Pacto Global, braço da Organização das Nações Unidas (ONU) que tem o objetivo de engajar empresas e organizações na adoção de princípios nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção, em parceria com o Banco Mundial, chamada “Who Cares Wins” (em tradução livre, “Ganha quem se importa”). Na publicação, o então secretário-geral da ONU Kofi Annan provoca 50 presidentes de grandes instituições financeiras sobre como integrar fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais.
No mesmo período também foi lançado o relatório Freshfield pela UNEP-FI, documento da Iniciativa Financeira do Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP FI) encomendado a um dos maiores escritório de advocacia do mundo, o Freshfields. A publicação analisa a importância da integração do ESG como uma forma de avaliar financeiramente uma empresa.
A sigla ESG passou, então, aos poucos, a ser usada no lugar do termo Sustentabilidade em diversos fóruns de discussão, relatórios e pesquisas. Tornou-se uma forma de se referir ao que empresas e entidades estão fazendo para serem socialmente responsáveis, ambientalmente sustentáveis e administradas de forma correta.
O que é ESG?
O ESG é muito mais do que a tradução de sua sigla. Tem se tornado sinônimo de responsabilidade socioambiental, reputação e credibilidade para as empresas. Além disso, os critérios ESG estão totalmente relacionados aos chamados ODSs (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), termo cunhado pela ONU para se referir aos 17 macrotemas que representam os desafios e vulnerabilidades que precisam ser endereçados por todos até 2030 para caminharmos no desenvolvimento sustentável do mundo.
Segundo o Pacto Global, o ESG nada mais é do que a própria sustentabilidade empresarial. “Uma empresa que está em conformidade com práticas ESG entende quais são seus impactos negativos e positivos na sociedade e consegue agir sobre eles. É necessário minimizar os negativos e potencializar os positivos, assim como equacionar os prejuízos já provocados.”
De um lado, há benefícios corporativos cada vez mais evidentes. Segundo uma pesquisa feita em 2017 pela consultoria The Boston Consulting Group (BCG), empresas com desempenho superior em áreas ambientais, sociais e de governança (ESG) apresentam margens de valorização mais altas do que as que não se preocupam muito em incorporar questões ESG em seus negócios.
Uma pesquisa realizada pelo Global Network of Director Institutes (GNDI) mostrou que 85% dos quase 2 mil conselheiros consultados acreditam que, no longo prazo, teremos maior foco em questões ESG, de sustentabilidade e de geração de valor para as partes interessadas (os “stakeholders”).
Já a consultoria McKinsey apontou em outra pesquisa que 83% dos líderes executivos e profissionais de investimento esperam que os programas ESG contribuam com o aumento de valor para os acionistas nos próximos cinco anos.
De outro, as questões ESG passaram a ser consideradas essenciais nas análises de riscos e nas decisões de investimentos de bancos, fundos de pensão, gestoras de investimentos, investidores internacionais e até os pequenos bolsos, o que coloca forte pressão sobre o setor empresarial.
Segundo relatório da consultoria e auditoria PwC, 57% dos ativos de fundos mútuos na Europa estarão em investimentos que consideram os critérios ESG até 2025. Isso representa cerca de US$ 8,9 trilhões. Além disso, 77% dos investidores institucionais pesquisados pela PwC disseram que planejam parar de comprar produtos não ESG nos próximos dois anos.
O que se busca é uma incorporação de métricas ESG com as tradicionais, financeiras e operacionais, das empresas. Assim, é possível ver de forma holística o comprometimento da empresa com a temática e avaliar os riscos futuros do negócio.
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BERTÃO, Naiara. Entenda o que é ESG e por que a sigla é importante para as empresas. Valor Econômico, São Paulo, 21 de fevereiro de 2022. Disponível em: <Entenda o que é ESG e por que a sigla é importante para as empresas | ESG | Valor Econômico (globo.com)>. Acesso em: 31 de agosto de 2022.
- Assista a entrevista com Amaury Neto da Voltalia e Flávia Rocha da Milaré Advogados sobre os princípios da ESG e como o direito internacional se aplica nas empresas: https://youtu.be/oNpIH3Rt-bY